África
Mali
-
Ranking 2023
113/ 180
Nota: 52,29
Indicador político
105
52.63
Indicador econômico
131
38.82
Indicador legislativo
117
55.09
Indicador social
125
55.00
Indicador de segurança
105
59.88
Ranking 2022
111/ 180
Nota: 54,48
Indicador político
161
35.15
Indicador econômico
88
42.60
Indicador legislativo
58
74.34
Indicador social
54
78.50
Indicador de segurança
133
41.81

​​O perigo representado pela ameaça terrorista, aliado à instabilidade política (dois golpes de Estado em menos de um ano, em 2020 e 2021), compromete a segurança dos jornalistas e o acesso à informação. O sequestro, em abril de 2021, do jornalista francês Olivier Dubois, mantido refém por 711 dias, simboliza os riscos aos quais estão expostos os profissionais da mídia no país.

Cenário midiático

Após a queda do regime ditatorial de Moussa Traoré, em 1991, houve uma verdadeira explosão no número de veículos de comunicação. O país possui agora cerca de 200 jornais, mais de 500 estações de rádio e várias dezenas de canais de televisão, incluindo os regionais. Esses novos veículos de comunicação passaram a concorrer com a mídia estatal: a emissora de rádio e televisão ORTM e o jornal L’Essor. Os programas e a cobertura midiática refletiam uma verdadeira diversidade de vozes no país até a suspensão definitiva dos veículos internacionais RFI e France 24, em abril de 2022. Em outubro de 2022, um canal de televisão foi suspenso após veicular comentários críticos à junta no poder.

Contexto político

Em princípio, os jornalistas e a mídia têm liberdade para cobrir o governo, e os veículos de comunicação privados são relativamente independentes. No entanto, os jornalistas estão particularmente vulneráveis por causa da situação política e do endurecimento da junta no poder. As pressões por um “tratamento patriótico” da informação se multiplicam. Em novembro de 2022, um jornalista foi alvo de graves ameaças por ter participado de uma reportagem sobre a presença da milícia russa Wagner no país. O processo de credenciamento de jornalistas estrangeiros é particularmente intrusivo e prejudicial ao sigilo das fontes. No início de 2022, um jornalista francês foi expulso menos de 24 horas após sua chegada ao Mali. A Alta Autoridade da Comunicação (HAC), o órgão de regulação da mídia, e os meios de comunicação públicos são completamente subservientes em relação à sua autoridade tutelar, e os poderes públicos podem exonerar seus diretores.

Quadro jurídico

A atividade midiática no Mali é enquadrada na lei de imprensa, que determina as condições para o exercício da profissão, embora seja vaga e não defina os delitos de imprensa nem contenha dispositivos sobre a mídia online. Nos últimos anos, iniciou-se um processo de revisão do arcabouço jurídico obsoleto sob o qual os jornalistas atuam. Os profissionais do setor aguardam sobretudo novas leis que acabem com as penas de prisão por crimes de imprensa, institucionalizem a ajuda pública e melhorem o acesso à informação, bem como a identificação de jornalistas e profissionais de mídia. Os veículos de comunicação públicos continuam a ter acesso mais fácil às informações provenientes do Estado do que os veículos privados.

Contexto económico

Os jornalistas e veículos de comunicação do Mali vivem em grande precariedade, o que os torna vulneráveis ao tráfico de influência e à corrupção. Essas dificuldades foram agravadas pela diminuição das receitas publicitárias devido à pandemia e pela suspensão total, nos últimos quatro anos, da ajuda governamental à imprensa.

Contexto sociocultural

Os conflitos entre comunidades, o extremismo e a presença de grupos armados impedem o livre exercício do jornalismo, particularmente no norte e no centro do Mali. A imprensa está sujeita a ataques com base em gênero, classe e etnia, e essas coerções socioculturais geram autocensura.

Segurança

Trabalhar fora da capital, Bamako, é extremamente arriscado para os jornalistas, como evidencia o sequestro do repórter francês Olivier Dubois (mantido refém por quase dois anos), em Gao, no dia 8 de abril de 2021, pelo Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM), afiliado à Al-Qaeda. Dois jornalistas estão atualmente desaparecidos no país. No interior, a insegurança e a presença de grupos armados pressionam os jornalistas. O desaparecimento, e provável morte nas prisões secretas da Segurança do Estado, do jornalista Birama Touré, em 2016, serve como um lembrete de que métodos violentos podem ser usados para silenciar jornalistas. A crescente influência do governo russo e a chegada de mercenários da empresa paramilitar Wagner ao Mali pressagiam um aumento da desinformação e dias sombrios para os jornalistas, como foi o caso após sua chegada à República Centro-Africana, em 2018.