O conflito militar no Iêmen, que se iniciou em 2014, continua devastando o país e está causando consequências muito graves para a liberdade de imprensa.
Cenário midiático
A mídia iemenita está polarizada pelos vários atores do conflito e não tem escolha a não ser se adequar ao poder em vigor, dependendo da área de controle em que se encontra, sob pena de sanções. A agência Saba depende do governo oficial, o diário Al-Masdar está próxima do partido Islah e o Al-Masirah é o principal canal houthi. Na internet, o acesso aos veículos de comunicação foi bloqueado desde que os houthis assumiram o controle do Ministério das Telecomunicações.
Contexto político
Fornecer informações independentes no Iêmen é difícil, pois a imprensa é controlada pelas partes em conflito. Quanto aos jornalistas estrangeiros, raros são os que acessam o campo. Independentemente da área em que se encontram, os repórteres são vigiados e podem ser presos por uma simples postagem nas redes sociais. Para não sofrer represálias, alguns decidem mudar radicalmente de profissão, o que não os impede de serem processados por seus antigos escritos.
Quadro jurídico
Difícil falar de legislação em um país em pleno conflito. O ambiente jurídico no qual os jornalistas trabalham é muito complexo. As leis estão em descompasso com a realidade em campo, e os jornalistas estão sujeitos à aprovação das autoridades em função de sua lealdade a elas.
Contexto económico
Empresários e políticos aproveitam a deterioração da situação econômica e das condições de vida para comprar jornalistas e títulos de imprensa. Eles só podem trabalhar livremente se tiverem outra fonte de renda. O financiamento é destinado a meios de comunicação leais às autoridades, aos empresários, aos políticos ou aos líderes religiosos.
Contexto sociocultural
A religião, onipresente no país, impede os jornalistas de abordar determinados assuntos considerados problemas sociais, sob o risco de serem acusados por personalidades religiosas de serem “laicos”, “infiéis” e “ateus”.
Segurança
Os jornalistas estão sujeitos a sequestro pelos houthis, pela Al-Qaeda ou pelo governo oficial. Também são alvo de violência e abuso por parte das milícias, alvo de ataques, assassinatos e ameaças de morte. Uma vez detidos, podem ser vítimas de tortura e maus-tratos. Quatro jornalistas acusados de espionar para a Arábia Saudita e condenados à morte pelos houthis foram libertados em 2023 na sequência de um acordo entre a Arábia Saudita e o Irã, que resultou numa trégua entre os seus respectivos aliados no Iêmen: o governo de Aden e os rebeldes houthis.