Américas
Guatemala
-
Ranking 2023
127/ 180
Nota: 48,12
Indicador político
140
42.64
Indicador econômico
124
40.09
Indicador legislativo
81
64.15
Indicador social
113
57.58
Indicador de segurança
151
36.15
Ranking 2022
124/ 180
Nota: 47,94
Indicador político
123
46.06
Indicador econômico
132
33.67
Indicador legislativo
73
68.86
Indicador social
123
59.00
Indicador de segurança
150
32.12

​​A liberdade de imprensa é garantida pela Constituição guatemalteca, mas esse direito é constantemente violado por autoridades e atores políticos. Jornalistas e meios de comunicação que investigam casos de corrupção e de violação de direitos humanos ou que emitem opinião crítica enfrentam campanhas de assédio e processos criminais.

Cenário midiático

Na Guatemala, há uma grande diversidade de veículos de comunicação privados, alternativos e, em menor medida, públicos. Embora não haja entraves à criação e ao funcionamento de veículos de comunicação, a ausência de regulamentação específica para as rádios comunitárias tem feito com que sejam com frequência consideradas ilegais e, consequentemente, fechadas. A crise econômica dos últimos anos favoreceu a criação de veículos investigativos independentes online e de outras plataformas de notícias. A perseguição política e econômica ao jornalismo independente fez com que muitos dos principais veículos impressos do país migrassem para o formato digital.

Contexto político

A Guatemala vive uma crise sociopolítica há mais de cinco anos, o que levou a um aumento das agressões a jornalistas que criticam as autoridades estatais e gerou um verdadeiro problema de silenciamento da imprensa. A produção de reportagens sobre casos de corrupção, violação de direitos humanos e práticas ilícitas por empresas privadas faz com que os jornalistas e veículos de comunicação responsáveis sejam alvo de múltiplos ataques: de campanhas de difamação nas redes sociais a assédio policial e criminalização, tudo isso com a anuência do Ministério Público e do Supremo Tribunal de Justiça. O fundador do diário El Periódico, José Rubén Zamora, está na prisão desde meados de 2022, e o jornal sofre todo tipo de pressão econômica e processos abusivos após ter revelado casos de corrupção no governo.

Quadro jurídico

A liberdade de expressão é garantida pela Constituição e pela Lei de Emissão de Pensamento, que tem valor constitucional. Em 2008, o Congresso aprovou a Lei de Acesso à Informação Pública, para facilitar o monitoramento do Estado pela mídia e pelos cidadãos, mas ela é repetidamente descumprida por diferentes autoridades. Nos últimos anos, houve tentativas de criminalizar as críticas ao Estado na internet, mas esses projetos ainda não foram debatidos no Congresso. Ao mesmo tempo, a perseguição e a censura a jornalistas por meio de decisões judiciais não para de crescer. Embora, no momento, apenas três profissionais da imprensa estejam presos, teme-se que esse número aumente no futuro, tendo em vista as estratégias de assédio judicial em curso na Guatemala.

Contexto económico

A conjuntura econômica do país e a queda nas receitas publicitárias forçaram muitas redações a fazer cortes significativos de pessoal e a investir na publicação online, cobrando uma taxa pelo acesso a determinados conteúdos. A pandemia só agravou essa situação, levando ao desaparecimento da versão impressa do La Hora, que agora existe apenas em formato digital. A perseguição ao fundador do El Periódico também obrigou o jornal a demitir grande parte de seus funcionários e a interromper a publicação de sua versão impressa.

Contexto sociocultural

Apesar das campanhas de difamação e do discurso estigmatizante das autoridades, a população tem grande confiança nos jornalistas, sobretudo devido ao seu trabalho de fiscalização e investigação. No entanto, alguns jornalistas e veículos de comunicação vêm perdendo credibilidade por causa da proximidade com o governo ou de sua linha editorial no que diz respeito aos direitos das mulheres, à igualdade de gênero e, de forma mais geral, aos direitos humanos. A cobertura da mídia está cada vez mais restrita, especialmente em alguns espaços públicos aos quais jornalistas críticos não têm acesso.

Segurança

A segurança dos jornalistas se deteriorou nos últimos anos, e não existem políticas públicas para garantir sua proteção. Esses profissionais são, na maioria das vezes, vítimas de campanhas de difamação, assédio policial e agressões verbais e físicas. Pelo menos cinco jornalistas estão no exílio e muitos vivem a maior parte do tempo fora do país, temendo pela própria vida e pela vida de seus familiares. Em março de 2022, o editor-chefe do site Notícias del Puerto, Orlando Villanueva, foi assassinado. Há um temor de que as eleições gerais previstas para 2023 levem, como costuma acontecer nesses períodos, a um aumento da violência contra jornalistas.