A interferência das autoridades mina os esforços empreendidos para melhorar a liberdade de imprensa. O ambiente continua hostil aos meios de comunicação independentes e da oposição, com um número crescente de agressões verbais e físicas contra jornalistas e tentativas de aprovar leis destinadas a marginalizar esses meios de comunicação e a reduzir o espaço para a liberdade de expressão.
Cenário midiático
Além de sua pluralidade, o cenário midiático é caracterizado por uma forte polarização política. A manipulação, o discurso de ódio e a desinformação estão quase generalizados nos meios de comunicação, especialmente na televisão, a principal fonte de informação. Os donos de mídia geralmente mantêm o controle do conteúdo editorial, como o canal da oposição Rustavi 2, que mudou sua linha editorial após seu retorno a um antigo proprietário. As rádios regionais e comunitárias lutam contra dificuldades de financiamento e o leitorado da imprensa escrita está diminuindo enquanto o público das notícias online cresce.
Contexto político
O país atravessa uma nova e grave crise política desde as disputadas eleições legislativas de outubro de 2020. Este ambiente é propício para uma competição reforçada pelo controle dos canais de televisão. Embora a lei georgiana proíba os partidos de possuir meios de comunicação, os principais canais geralmente defendem os interesses de seus proprietários, que muitas vezes são próximos de políticos. O mesmo vale para os meios de comunicação públicos sujeitos à interferência das autoridades. Estas muitas vezes recusam-se a responder aos meios de comunicação que as criticam e, por vezes, recorrem à censura, a buscas, a campanhas de difamação e à intimidação.
Quadro jurídico
O governo ainda não respeitou a recomendação da União Europeia sobre a liberdade de imprensa, necessária para a abertura das negociações de adesão. Ao contrário das reformas anteriores que reforçaram o pluralismo e a transparência nos meios de comunicação, o governo manifestou seu desejo de controlar canais independentes de rádio e televisão através de uma reforma da lei das comunicações eletrônicas e um projeto de lei sobre “agentes estrangeiros” copiado da lei russa, mas abortado sob pressão popular e internacional. Os tribunais tentam, por vezes, atacar o sigilo das fontes, que, no entanto, é garantido pela lei da liberdade de expressão.
Contexto económico
Pouco desenvolvido, o mercado publicitário continua a se encolher na mídia impressa e online, em grande parte financiada por doadores, geralmente ocidentais. Acentuadas por uma mudança na legislação publicitária, as preocupantes dificuldades econômicas dos meios de comunicação privados estão criando uma distorção da concorrência com os meios de comunicação públicos fortemente subsidiados.
Contexto sociocultural
A sociedade georgiana é marcada por fortes tensões sociais em determinadas áreas, como religião, direitos LGBTQ+ ou a influência da Rússia, que impactam o trabalho dos jornalistas. Figuras sociais influentes, como membros do clero ortodoxo, são grampeados pelos serviços de segurança, o que viola o sigilo das fontes dos jornalistas.
Segurança
Agressões verbais e físicas a jornalistas são frequentes, inclusive por parte de altos funcionários do Estado, principalmente no contexto de eleições. O linchamento de cerca de 50 repórteres durante contramanifestações homofóbicas em julho de 2021, diante de policiais impassíveis, marcou um revés sem precedentes. A falta de transparência e de progresso nas investigações reforçam a impunidade de que gozam os crimes cometidos contra jornalistas no país.