Enquanto a qualidade da informação online melhora, a repressão é modernizada com o aumento do controle da Internet, único espaço onde uma imprensa independente pode se expressar.
Cenário midiático
Arruinado por uma sucessão de reformas repressivas desde 1997, o panorama midiático serve principalmente à propaganda do regime cazaque. Restam apenas alguns títulos independentes, como Vlast.kz, Uralskaya Nedelia, Respublika.kz ou a agência de notícias KazTAG. Mas projetos alternativos lançados por jornalistas profissionais estão sendo desenvolvidos no YouTube, Telegram ou Instagram, como Protenge, Za nami uzhe vyekhali ou Guiperboreï (“Hiperbórea”), que contradizem a narrativa da mídia pró-governo.
Contexto político
As autoridades impedem por todos os meios – prisões, violência, bloqueio de telecomunicações, cortes da Internet – a cobertura midiática de grandes eventos, como os protestos sem precedentes contra o governo, em janeiro de 2022. O acesso à informação é restrito e as perguntas dos jornalistas durante as coletivas do governo são censuradas. O Estado paga meios de comunicação privados para disseminar a sua propaganda e a nomeação de editores-chefes dos meios de comunicação estatais e paragovernamentais depende do poder político. O próprio Ministério da Informação atua como regulador da mídia.
Quadro jurídico
Embora a Constituição proíba a censura, ela ainda é praticada. A difamação foi descriminalizada, mas não a “disseminação consciente de informações falsas”. O direito ao sigilo das fontes pode ser revogado por simples decisão judicial. A reforma em curso da lei da comunicação pode reforçar ainda mais o controle do governo sobre a imprensa: o Ministério das Relações Exteriores poderá recusar arbitrariamente o credenciamento de qualquer meio de comunicação ou jornalista por motivos de "segurança nacional", conceito vagamente definido.
Contexto económico
O apoio estatal aos meios de comunicação depende diretamente da promoção da agenda e da propaganda das autoridades. Privados de subsídios públicos, os meios de comunicação independentes dependem principalmente da publicidade e competem com aqueles que são leais ao poder e têm, portanto, formas de baixar os preços do seu espaço publicitário.
Contexto sociocultural
A profissão desperta desconfiança generalizada na sociedade, que está mais propensa a acreditar em blogueiros ou usuários anônimos das redes sociais. A acusação de corrupção é amplamente utilizada contra jornalistas quando o tratamento dado a um assunto desagrada. Os obstáculos ao trabalho dos jornalistas estão frequentemente ligados ao desconhecimento da lei, e os agentes de segurança de instituições estatais ou empresas privadas não hesitam em usar a força contra os profissionais da comunicação.
Segurança
Alguns meios de comunicação estão sujeitos a ataques cibernéticos e jornalistas são vítimas de ameaças e ataques direcionados ligados à sua atividade profissional, sobretudo nas redes sociais, e em particular no interior, muitas vezes por pessoas diretamente citadas nas publicações. Jornalistas não alinhados com o governo correm o risco de detenção. Alguns são espionados, conforme revelado pelo “Project Pegasus”.