A polarização política se reflete na mídia, que confunde perigosamente a fronteira entre a informação e a opinião, contribuindo para o clima de descrédito em relação ao jornalismo. A liberdade de imprensa também está ameaçada pelo aumento dos processos-mordaça (SLAPP) contra veículos de comunicação e jornalistas.
Cenário midiático
Na esfera nacional, o mercado espanhol caracteriza-se por uma elevada concentração dos meios de comunicação. Os grupos privados de mídia audiovisual Atresmedia e Mediaset, e o serviço público RTVE representam mais de 75% do mercado. Na esfera regional, o setor é marcado pela forte presença da mídia pública reunida na FORTA (Federação das Organizações ou Entidades Regionais de Rádio e Televisão), o que aumenta o risco de interferência política. A diversidade no setor de imprensa é maior.
Contexto político
Assim como a sociedade espanhola, parte da mídia está polarizada e cada vez mais substitui a informação pela opinião, um fenômeno que alimenta a desconfiança geral dos cidadãos em relação aos jornalistas. O governo tem sido acusado por diversos veículos de comunicação de se recusar a responder perguntas em coletivas de imprensa pontuais, enquanto os partidos extremistas fazem ataques verbais contra os jornalistas que consideram inconvenientes. O grupo de extrema direita Vox continua a espalhar informações falsas e a negar aos jornalistas e à mídia o acesso às suas coletivas de imprensa e outros eventos.
Quadro jurídico
O governo e seus aliados no Parlamento tentaram revogar os artigos mais controversos da “Lei da Mordaça” ao longo de toda a legislatura, mas parecem estar à beira do fracasso. A falta de um acordo sobre essa questão antes das eleições legislativas previstas para o outono de 2023 constituiria um grave descumprimento de uma das principais promessas do governo. A polícia continua a usar sua autoridade para assediar a imprensa, e os tribunais tendem a privilegiar a versão dos policiais, em detrimento da versão dos jornalistas vítimas da violência policial.
Contexto económico
A forte concentração da mídia privada é acompanhada pela falta de transparência a respeito da real influência que os proprietários de veículos de comunicação exercem sobre políticos e funcionários do governo. Essa falta de transparência também afeta os gastos com publicidade tanto das administrações públicas quanto das grandes empresas do setor privado. Desde a crise econômica de 2008 e da consequente onda de fechamento de veículos e demissões em massa, o jornalismo tornou-se uma profissão caracterizada pela precariedade crônica.
Contexto sociocultural
Na sociedade espanhola, tolerante e aberta à diversidade, os jornalistas raramente são pressionados, a não ser pelas autoridades. O Parlamento iniciou um processo de descriminalização das “ofensas à coroa” e de outros ataques aos “símbolos da nação”, que no passado foram obstáculos à liberdade de expressão.
Segurança
O abrandamento do conflito em torno da independência da Catalunha, que já havia desencadeado uma grande violência contra jornalistas por parte de manifestantes e policiais, reduziu drasticamente os ataques e agressões a esses profissionais. Por outro lado, um número cada vez maior de jornalistas é vítima de assédio nas redes sociais, especialmente por parte de governantes e trolls da extrema direita e da extrema esquerda.