África
Etiópia
-
Ranking 2024
141/ 180
Nota: 41,37
Indicador político
136
33.90
Indicador econômico
107
41.20
Indicador legislativo
124
50.00
Indicador social
135
47.62
Indicador de segurança
156
34.13
Ranking 2023
130/ 180
Nota: 47,7
Indicador político
111
50.25
Indicador econômico
113
43.14
Indicador legislativo
89
62.64
Indicador social
146
43.64
Indicador de segurança
146
38.82

Devastado por conflitos interétnicos e uma guerra civil, o país reverteu amplamente os ganhos recentes em termos de liberdade de imprensa. O conflito na região de Amhara, que começou poucos meses depois de um acordo de paz assinado em novembro de 2022 no âmbito da guerra do Tigré, reacendeu o receio de represálias entre os jornalistas.

Cenário midiático

O panorama midiático sob o governo de Abiy Ahmed, que chegou ao poder em 2018, continua muito polarizado e marcado por uma cultura de opinião em detrimento da verificação das informações. É, no entanto, mais aberto e pluralista do que sob o regime anterior, com mais de 200 meios de comunicação outrora proibidos e agora permitidos. A rádio continua sendo o meio mais popular: Fana FMSheger FM e estações de rádio regionais possuem grandes audiências. As televisões privadas mais conhecidas são KanaEBSFana BC. Existem alguns títulos de mídia impressa, lidos principalmente pelas elites urbanas. The Reporter é o semanário independente mais respeitado.  

Contexto político

Tanto a Frente Popular de Libertação do Tigré (TPLF) quanto as autoridades estatais usam a propaganda na tentativa de controlar a narrativa sobre a guerra civil, criando uma onda de desinformação nas redes sociais que é reproduzida pela mídia. O governo tem tentado reassumir o controle do campo informativo, sobretudo por meio da criação de uma plataforma de “verificação de informações”. Apresentada como um veículo de comunicação, na realidade é apenas uma ferramenta destinada a transmitir a mensagem do regime, mesmo que isso signifique usar dados não verificados e desinformação para desacreditar vozes dissonantes. Longe de promover um jornalismo independente de qualidade, a Autoridade Regulatória da Mídia (EBA) é um instrumento a serviço do governo.

Quadro jurídico

A nova lei de mídia adotada em 2021 fornece uma estrutura legal mais liberal e protetora para os jornalistas. A difamação foi descriminalizada e o sigilo das fontes é protegido.  Na prática, este novo texto é, no entanto, amplamente contornado e não impede a prisão de jornalistas.  A Lei sobre Antiterrorismo ou a mais recente Lei do Discurso de Ódio contêm disposições muito vagas com pesadas penas de prisão que podem ser usadas contra jornalistas críticos. Proclamado em agosto de 2023, o estado de emergência na região de Amhara permite anular todas as leis de proteção.

Contexto económico

Salários muito baixos, o aumento do custo de vida e a corrupção põem à prova a integridade profissional dos jornalistas. A concentração da mídia nas mãos de um punhado de empresários gera problemas de independência, enquanto o custo de criação de um novo meio, particularmente no setor audiovisual, é particularmente dissuasivo.

Contexto sociocultural

Muitos meios de comunicação etíopes são fortemente marcados por considerações étnicas, regionalistas e políticas, em detrimento de uma informação independente, plural e equilibrada.  A autocensura é generalizada, inclusive entre jornalistas.   

Segurança

O aumento dos abusos contra jornalistas, observado durante a guerra em Tigré no final de 2020, continua, especialmente após o início das tensões na região de Amhara. Vários jornalistas foram mortos em circunstâncias obscuras durante a guerra no Tigré. Muitos repórteres, cujos tópicos sobre os conflitos de Amhara e do Tigré não estavam alinhados com a comunicação do governo, foram presos e detidos com base em acusações graves como a “promoção do terrorismo”. Os jornalistas são por vezes encarcerados em campos militares localizados no meio do deserto. A hostilidade para com a mídia estrangeira também se manifestou no início de 2023 pela suspensão de cerca de quinze canais estrangeiros, que as autoridades acusaram de funcionar sem licença.