#FreeJimmyLai: RSF lança petição em apoio ao fundador do Apple Daily de Hong Kong, que pode ser sentenciado à prisão perpétua

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) lança uma petição pedindo às autoridades de Hong Kong a libertação urgente de Jimmy Lai, fundador do agora extinto meio de comunicação Apple Daily e ganhador do Prêmio Liberdade de Imprensa da RSF em 2020, assim como seis de seus colaboradores, acusados de crimes relacionados à segurança nacional e sob risco de serem condenados à prisão perpétua.

Jimmy Lai, fundador do meio de comunicação independente Apple Daily, tem sido um defensor muito ativo da liberdade de imprensa nas últimas décadas, apesar do governo de Hong Kong e da incessante perseguição política do regime chinês”, declarou o chefe do Escritório para a Ásia Oriental da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Cedric Alviani, que instou a comunidade internacional a “aumentar a pressão para garantir a libertação de Lai, juntamente com seus colaboradores e todos os outros defensores da liberdade de imprensa detidos em Hong Kong e no continente.”

 

Lai, de 74 anos, detido desde dezembro de 2020, pode ser condenado à prisão perpétua por “conluio com forças estrangeiras” sob a Lei de Segurança Nacional, adotada pelo regime chinês para suprimir a dissidência em Hong Kong.  Ele já foi condenado a um total de 20 meses de prisão por participar de quatro protestos pró-democracia “não autorizados” em 2019 e 2020.  Além de Lai, seis ex-funcionários do Apple Daily também estão detidos e sob risco de prisão perpétua por acusações semelhantes.

 

Embora Lai tenha sido detido em uma prisão de segurança máxima e tenha tido o pedido de fiança repetidamente recusado nos últimos dois anos, sua defesa da liberdade de imprensa permanece inabalável. "A situação de Hong Kong está cada vez mais arrepiante, mas justamente por isso, precisamos nos amar e nos valorizar mais", disse. Lai escreveu da prisão em abril de 2021, dois meses antes de o Apple Daily ser forçado a fechar, apelando aos jornalistas para “ficar de pé e manter [suas] cabeças erguidas.” 

 

O único 'crime' do meu pai é fazer campanha pela democracia diante da tirania, mas por isso ele já passou mais de dois anos na prisão e poderá passar o resto da vida atrás das grades. As autoridades de Hong Kong e da China estão usando o caso do meu pai para enviar uma mensagem assustadora a todas as vozes independentes na mídia e na sociedade civil: fique calado ou você será o próximo.”  declarou o filho de Lai, Sebastian Lai, acrescentando “Agradeço à RSF por se manifestar e lutar. Precisamos esclarecer o que está acontecendo com meu pai e todos os outros visados em Hong Kong.”

 

“Nosso cliente, Jimmy Lai, pode passar o resto de sua vida atrás das grades por dizer a verdade ao governo. O presidente-executivo de Hong Kong, John Lee, anunciou agora um novo fundo de investimento multibilionário e uma série de medidas políticas para atrair empresas estrangeiras e talentos internacionais de volta a Hong Kong. Mas enquanto Jimmy Lai permanecer na prisão e a Lei de Segurança Nacional estiver vigente, o mundo poderá ver que Hong Kong não respeita os valores democráticos e não é um lugar seguro para fazer negócios.” declarou Caoilfhionn Gallagher, membro da equipe internacional de advogados de Lai.  

 

Só nos últimos dois anos, o regime chinês usou a promulgação de uma Lei de Segurança Nacional como pretexto para processar pelo menos 23 defensores da liberdade de imprensa em Hong Kong e fechar os principais meios de comunicação independentes como Apple Daily e Stand News, enquanto o clima de medo enfrentado pelos jornalistas de Hong Kong levou pelo menos cinco meios de comunicação menores a encerrar suas operações.

 

Em um relatório intitulado O grande retrocesso do jornalismo na China, publicado no ano passado, a RSF revelou o sistema de censura e controle de informação estabelecido pelo regime chinês e a ameaça global que representa à liberdade de imprensa e à democracia.

 

Hong Kong, outrora um bastião da liberdade de imprensa, caiu do 80º lugar em 2021 para o 148º lugar no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2022 da RSF, registrando a queda mais acentuada do ano no índice. A própria China ocupa a 175ª posição entre os 180 países e territórios avaliados.

 

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