Extradição sob estreita vigilância de um dos assassinos de Carlos Cardoso (versão portuguesa)
Repórteres sem Fronteiras acolhe com satisfacção a extradição do Canadá para Moçambique, no dia 21 de Janeiro, de Aníbal António dos Santos Júnor, mais conhecido por «Anibalzinho», um dos assassinos do jornalista Carlos Cardoso. Anibalzinho, foragido do estabelecimento prisional de máxima segurança de Maputo em Maio de 2004, tinha sido detido pela Interpol alguns dias após a sua chegada ao Aeroporto Internacional de Toronto.
Repórteres sem Fronteiras acolhe com satisfacção a extradição do Canadá para Moçambique, no dia 21 de Janeiro 2005, de Aníbal António dos Santos Júnor, mais conhecido por «Anibalzinho», um dos assassinos do jornalista Carlos Cardoso. Anibalzinho, foragido do estabelecimento prisional de máxima segurança de Maputo em Maio de 2004, tinha sido detido pela Interpol alguns dias após a sua chegada ao Aeroporto Internacional de Toronto, onde tinha pedido o estatuto de refugiado.
O criminoso já tinha desaparecido da mesma prisão, em Setembro de 2002, antes de ser capturado em Pretória, na África do Sul, em Janeiro de 2003, no mesmo dia em que foi condenado a uma pena de 28 anos pelo assassínio do Director do diário Metical.
« A volta de Anibalzinho a um estabelecimento prisional de Moçambique é uma boa notícia», afirmou Repórteres sem Fronteiras. As suas duas fugas, que ocorreram em virtude de ter comparsas na Polícia, comprovaram que um ou vários cabecilhas do assassínio de Carlos Cardoso continuavam em liberdade. Portanto, o novo processo judicial já anunciado deverá esclarecer definitivamente o crime, que ainda não foi devidamente elucidado.
Na noite de 22 de Janeiro, cerca de trinta polícias foram mobilizados no quartel-general da Polícia de Maputo para assegurarem a protecção do assassino mais conhecido de Moçambique. Segundo o Instituto de Meios de Comunicação de Massa da África Austral (MISA), Anibalzinho está detido sem direito a visitas numa célula especial, sob estreita vigilância.
A sua extradição tornou-se possível porque Anibalzinho renunciou ao pedido de asilo político no Canadá, depois de o Tribunal Supremo de Moçambique ter decidido que qualquer pessoa condenada por contumácia a uma pena de mais de dois anos de prisão podia ter direito a um novo processo judicial. As autoridades canadianas autorizaram a sua extradição em 14 de Dezembro e o foragido foi repatriado para Maputo em vôo civil aos 21 de Janeiro, via Londres, depois Joanesburgo, escoltado pela Polícia sul-africana.
Segundo o semanário privado Mediafax, desde a sua chegada a Maputo, Anibalzinho recusou alimentação e exigiu encontrar o mais rapidamente possível o Comandante-geral da Polícia, Miguel dos Santos. Teria ameaçado suicidar-se se os seus pedidos não fossem aceitos. Na noite de 22 de Janeiro, teria conversado demoradamente com dois oficiais da Polícia.
Carlos Cardoso, Director do diário Metical, foi assassinado, em
22 de Novembro de 2000, na Avenida Mártires de Machava, em Maputo. Estava no carro com o motorista, quando dois homens lhe cortaram o caminho e dispararam as armas. Carlos Cardoso, atingido por vários tiros na cabeça, teve morte instantânea. O motorista ficou gravemente ferido. Naquela época, o jornalista estava a fazer investigações sobre o maior escândalo financeiro do país desde a sua independência: o desvio de uma soma equivalente a 14 milhões de euros do Banco Comercial de Moçambique (BCM). Tinha nomeadamente citado nos seus artigos os nomes dos irmãos Satar e de Vicente Ramaya, três homens de negócios muito influentes.
Durante o processo dos cinco principais acusados, em Janeiro de 2003, dois deles tinham incriminado o filho do Chefe de Estado, Nyimpine Chissano, acusando-o de ser o cabecilha da execução de Carlos Cardoso. Em fins de Dezembro de 2002, o Procurador Geral da República, Joaquim Madeira, tinha anunciado que novas investigações estavam a ser feitas para se determinar a eventual responsabilidade de Nyimpine Chissano no caso.