Censura do canal alemão DW na Venezuela: Nicolás Maduro prova novamente sua intolerância ao jornalismo

O governo de Nicolás Maduro censurou o canal alemão Deutsche Welle (DW) em espanhol após a transmissão de uma reportagem sobre corrupção na Venezuela. Quatro meses antes das eleições, a Repórteres sem Fronteiras (RSF) denuncia mais esse ataque ao direito à informação.

O canal Deutsche Welle (DW) se junta agora à longa lista de meios de comunicação internacionais e nacionais censurados pelo governo venezuelano nos últimos dez anos. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, atacou violentamente o canal, chamando-o de “nazista” no programa onde aparece todas as semanas na televisão pública VTV. Sua motivação foi a transmissão de uma reportagem da DW sobre a corrupção na América Latina, e em particular na Venezuela, revelando o envolvimento de políticos de alto escalão com o tráfico de drogas, a mineração ilegal e em atividades de extorsão. O sinal do canal DW em espanhol foi interrompido no mesmo dia pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel). O canal está acessível agora apenas no site dw.com e nas redes sociais.

Em dez anos, cerca de 14 canais ou programas de meios de comunicação estrangeiros foram censurados por este mesmo governo: a transmissão do canal de notícias internacional colombiano NTN24 foi suspensa em um momento de manifestações estudantis em grande escala contra o governo em 2014. Ao longo de 2017, outros meios de comunicação internacionais, como o canal mexicano TV Azteca, a mídia colombiana TV El Tiempo, o canal argentino TN e a emissora da CNN em língua espanhola, também foram censurados no contexto da repressão violenta do regime venezuelano face a ondas de manifestações.

“Nicolás Maduro demonstra, mais uma vez, uma intolerância patológica ao jornalismo. A banalidade com que o governo venezuelano censura os meios de comunicação é terrível e sem igual na América do Sul. Esta decisão vai na direção diametralmente oposta das expectativas sobre o governo durante o período pré-eleitoral, que deveria ser marcado pela expansão do espaço democrático e do pluralismo. A RSF apela ao governo para que restaure os sinais dos canais censurados e recorda que sem liberdade de imprensa não há eleições democráticas.

Artur Romeu
Diretor do escritório da RSF para a América Latina

A Venezuela ocupa a 159ª posição entre 180 países no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa estabelecido pela RSF em 2023.

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Nota: 33,06
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